quinta-feira, junho 22, 2006

O amor

- por que choras?
- por descobrir que a vida é bonita.
- e isso lá seria motivo de choro?
- não é bem isso. É apenas um instante em que observo tudo. Não te comove o bater de asas de um pássaro e como, por simples ser, causar tal movimento? ou tal borboleta que se espreguiça em asas multicolores, pousada numa folha...elas são belas por terem se agregado a formar um algo que existe, por si só. Não te comove observar tudo isso silencioso, não entender absolutamente nada, mas mesmo assim sentir-se com vontade de abraçar a vida toda, num só abraço? Neste instante, esqueço de tudo e respiro e me dá vontade de chorar, por haver, por segundos ínfimos, compreendido algo.
- Então é um choro de impossibilidade.
- é essa beleza toda que destrói, ser simplesmente capaz de aceitar que as coisas que estão são belas sem questionamento. São nestes pequenos instantes, nestes entraves impassados que nos sentimos pequenamente felizes e ao mesmo tempo tristes, por saber que nossa descoberta é praticamente inviável...
- mas então choras por felicidade ou impossibilidade?
- choro pela conseqüência de um no outro. Porque a todo momento precisamos dar razão ao amor que vemos, que sentimos; sendo que ele só tem a simples razão de ser amor, sem questionamentos. As invenções, as teorias, tudo, tudo a que o homem se agarra desesperadamente é sua única chance de compreender aquilo que o move num frenesi louco de amar...
- como já dizia nietzsche: somos seres somos dependentes de amar.
- é que nós, meu caro, somos o tal amor que buscamos. E eu acredito nele.
- eu também...

3 Comments:

Blogger henrique said...

- mas isso não tem lógica!!
- e quem foi que lhe disse que tudo há de ter lógica?

11:36 AM  
Anonymous Anônimo said...

Gostei dessa!

2:32 PM  
Blogger Maurício said...

as vezes é totalmente fora da nossa realidade parecer-mos ínfimos ao que nos rodeia

Cauã

9:56 AM  

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